O povoamento da solidão
O cenário das histórias de Costa Matos são as pequenas cidades do interior, onde os acontecimentos, de natureza doméstica, política ou moral, assumem geralmente dimensões inesperadas. O padre, o juiz, o promotor público, o tabelião, os tipos populares que proliferam em todos os níveis da hierarquia social – toda essa fauna humana constitui a matéria-prima destas bem-conformadas narrativas de Costa Matos, um escritor com absoluto domínio das possibilidades do idioma, a que dá tratamento cuidadoso e irrepreensível.
“Conto o que me contaram”. Essa frase de Heródoto poderia servir de prólogo para este livro de Costa Matos. Presumivelmente, ele nos conta fatos que testemunhou ao longo de sua vida, ou que lhe foram relatados por outras pessoas. Se é verdade que “a vida imita a arte”, não é menos verdadeiro que a arte é também uma imitação da vida no plano metafórico. Seria irrelevante, portanto, indagar se os fatos arrolados nas histórias de Costa Matos são reais ou são fictícios. O que importa assinalar é que o sopro do ficcionista é suficientemente forte para dar corpo e alma a esses “bonecos de barro”, contemporâneos dos primatas criados por Deus.
Dados do Livro
AUTOR: José Costa Matos
Coleção Alagadiço Novo — Nº 308
PÁGINAS: 108
ANO: 2002
VALOR: R$ 33,00