Independência e formação do Estado Nacional brasileiro na província do Ceará (1820-1835)
Do século XVI ao XX, a Europa se autodenominou o centro civilizador do mundo, criando, nesse processo, a ideia de humanidade e, consequentemente, o mito de que todos os povos passariam pelos mesmos estágios de modificações técnicas e organização social pelos quais eles, os povos do Velho Mundo, haviam passado. A partir desse valor inicial, a Europa dizia-se protagonista da história humana, então cronometrada e organizada a partir de suas experiências. Nessa lógica, cabia ao europeu carregar o “terrível fardo do homem branco” de civilizar o restante do mundo.
Como região de colonização europeia, a historiografia brasileira foi muito influenciada pelo modelo eurocentrado e formulou um discurso de nacionalidade brasileira referendado quase sempre nas experiências e interesses hegemônicos da região Sudeste e Sul do país, assim como o era a relação da Europa para o restante do mundo. Nessa prática, seguindo a cartilha eurocêntrica, relegava as experiências dos estados do Norte, Nordeste e Centro-oeste, à categoria de “História Regional” ou “Local”. De tal forma que, de um historiador de meados do século XX que pesquisasse especificamente a realidade de um centro urbano de uma cidade como o Rio de Janeiro, dizia-se escrever uma “História do Brasil”, enquanto um historiador do Ceará, por exemplo, produzia uma história local (entendendo-se aí não apenas um recorte espacial da pesquisa, mas como se, de fato, houvesse uma hierarquia de importância do que e de onde se pesquisava).
Nesse sentido, as pesquisas aqui publicadas, cada uma a seu modo, são esforços que visam a colaborar tanto com a citada questão metodológica de descentralizar a produção do conhecimento histórico, bem como, enquanto pesquisas empíricas, buscar entender o que representou o processo de Independência e formação do Estado Nacional brasileiro para as pessoas dos diferentes grupos e regiões do Ceará, entre as décadas de 1820 a 1830. Logo, em vez de pensar uma Independência vertical, com um Estado brasileiro que se impunha sobre os interesses locais, propomos aqui pensar uma Independência horizontal. Ou seja, pensar uma Independência do Brasil no e do Ceará.
Dados do Livro
ORGANIZADORES: Ana Sara Cortez Irffi
Reginaldo Alves de Araújo
Coleção Alagadiço Novo – Nº 314
Série Intérpretes do Ceará – Volume 6
PÁGINAS: 240
ISBN: 978-85-7485-387-1
ANO: 2022
VALOR: R$ 55,00